Dito 63 : O sargento de Estoutevendo

Regimento  Artilheira Alta Montanya
Huesca 1976


Conversas
com Estoutevendo




O sargento de Estoutevendo
em porrancho



-Imaginária, que se presente
inmediatamente el gallego ese, se va
a enterar de lo que es el ejército !!

   - Mi sargento : veu a minha moza
a ver-me, vostede ja m'entende, dende
tam lonje, aqui pasa-se muita fame,
ja sabe, ...

- Bueno..bueno,
o soldao da guarita de pouco nom che
pega um tiro, eu houvera-ch'o pegado.

- Pasaches a noite fora, saltavas o
valado e nom sabías o santo e sinal,
polo tanto eras um enemigo pra el.

Estoute levava-lhe uma botelha de
augardente blanca, coas mans atrás,
desemulando.

Ofreceu-lhe um Winston, que enchera
cumha pouca merda, que lha traíra seu
amigo sevillano.

A cousa nom era de desapreciar,
tabaco nom havia de abondo.

- "Te voy a empurar, nom te licencias
ata que morra o rei, tenho-te vigilado
e sei que és um rojo"

- Pase por que vejo-te bom rapaz

Deixou-no marchar para poder dar-lhe
um tento o augardente, com toda
tranquilidade.

Sabendo que quedou bem cocido e que
depois dum canhoto, pegache uma fame
negra, e so se quere conversa e rir.

Ò Estoute diu-lhe mágoa ao pensar, que
quedara o probe sargento tam aborrido e
bévedo no posto de garda.

Entom foi cara alá, coa escusa
de convida-lo a empanada,
esperando que nom se dera de conta
do seca que ja estava, levava
quatro dias no cacifo. 

Figera-lhe-a a nai no derradeiro
permisso, e recém feita sabia que 
metia medo.

   - Mi sargento, empanada, de carne
com pementos da Arnoia, vai-lhe sacar
o sentidinho, digo-lho eu !.

- Venha Galicio, nom me gosta
desapreciar, mais há que ir a modo
que nom se pode molestar, som as trés
da manhá.

- Sabes que Galicio, tu terra es mu
bonita, no he estao nunca, pero he
visto muchas fotos y en cuanto mi Mari
se saque el carné de conducir, me voy
pallá.

Hóstias, pensou o Estoute, de súpeto
colhera-o do ombreiro e quijo dar-lhe
um bico, Deus !.

Contente coma um cuco e os beizos a
tam sequer um dedo do nariz, a iste
home sabe-lhe todo, pensou, quedando
engremado.

Comenzou a subir as escadas da quinta
companhia, (os artilheiros chamam-lhe
bateria) e pujo-se a cantar Asturias
patria querida, meu Deus, agarrado ò
meu ombreiro.

   - Mi sargento, que soy gallego,
no asturiano !

- Es igual, tocais la gaita, no !

Fartava-se de rir coa gaita, era de
verao, ainda que pola manhancinha
o tempo era fresco no perendengue
aragonés.

Colheu-lhe calor e sacou a camisa, 
pra cantar a peito descuberto.

Ja na bateria, subiu numa liteira e
sacou os pantalós, espertou a todo
dios, e seguia cantando ...
... de mis amoreees !!!

- Galicio, pónme una copita de esas
yerbas que tu tienes, bandido !,
que no sabes tú ná, tan callao !
e vas-las metiendo por debaixo.

   - Dios mio, vai acabar perdido !
iste home, pensou o Estoute,
qualquera lhe negava.

Ía-lhe dar uma chisca das ervas
e colheu-lhe a botija toda e mangou
um trago coma se fora John Vaine em
Rio Grande.

- Pónme esa música de tu cassete,
que se que estás siempre escuchando,
pero no la moderna, esa gallega de
las gaitas, la de la chantá, que a
mi me gusta, que me encantá...

Fartava-se de rir...

   - A muinheira de Chantada, sabe-o
todo iste merdam, claro, quando andamos
de maniobras, istes cabrons remexem-no
todo.

   - Ja m'o parecia a mim que sabem de
mais, pasam o dia cheirando e ainda
pra mais tenhem sabujos entre nós,
tenho pescado alguns.

Cavilava o Estoute.

   - ... seguente coa escusa de tomar um
vinho, e depois sopram e largam todo.

   - Alá vai a muinheira de Chantada,
venha choutar na cama, fazendo punteira
cos pés, cada vez ria mais e erguia
mais as pernas.

Patachum !!, alá-foi, caiu da liteira
dende riba de cachaopim, agarrando-se
tanto a ela que botou-na por riba
de si.

Entre a muinheira e o estoupo ao cair,
espertou o regimento todo.

O tenente de garda histérico, chamou ao
corneta.

  -Tocai gerala, cona !!
Um atentado !!
Todo o mundo a formar !!  

Saiu da liteira o sargento a todo correr,
co corpo bem maçado ao posto de garda.

Trengueleando e rindo :
  - Sus órdenes mi teniente !! 

Nom che digo nada o retrato do sargento,
rindo-lhe ò tenente e berrando-lhe :

  -Formam todos !!, carinho !!

- Sargento vaia-se a durmir !!, que pola
manhán, ja falaremos (*) vostede e mais
eu, e vista-se que vai espido, e sem a
sua arma regulamentária. 


*(Eram parelha às escondidelas,
viram-se em mais dumha ocasiom,
colhidos da man polo patio,
dissimulando).



... continuará ..
( ao tenente tamém lhe ía a mandanga).



Foto:/ Eladio Monea filho, Huesca 1976






Moradelha editora

 


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