Dito 90 : As casas velhas de Santo Tomé
As casas velhas de Santo Tomé
Coronam as casas velhas
coas suas pedras de porpianho,
com cores de tantos anos,
suas pegadas seculares.
Os microscópicos jardins
nas artísticas paredes
de plantas pre-históricas,
óxidos de musgo e líquen.
Com fentas nas fendiduras,
agarrando-se ao substrato,
enraizadas cos invernos
geados coma coitelos.
Elas escrevem a história
do nosso amado Santomé.
Essas pedras centenárias
das casas da nossa aldea.
Nas escaleiras sentados,
cheia de contos contados
nas manhás dos dias santos,
ao quente do Sol do inverno.
E ao resguardo da choiva,
contra a parede da corte,
ao agarimo das pedras
e do fumegar do estrume.
Música do pingar da auga
caindo nos bebedeiros,
que postos baixo os telhados
dabam de beber ao gando.
A auga limpa e bem fresca
destilada pros animais,
acabada de recolher
no pé da sua parcela.
Se as pedrinhas falaram !,
quantos contos contariam ?,
cumhas mulheres e hominhos
aquitiempos já contaram.
Raiz da velha figueira,
que ainda sostem-lhe as pedras
na base dos seus cimientos,
nos fundamentos da terra.
Ecos de choros grabados
nas suas ponlas arrugadas,
co passar de tantos anos
e de tantos nascementos.
Figos já petrificados,
tragados polo porpianho,
pola pedra centenária
e pola terra do enxido.
Som sonhos dos seus herdeiros,
que nunca volverom a elas.
Casinhas de Santo Tomé,
feitas pedra sobre pedra.
🌟
Moradelha editora