Dito 78 : A loba ferida
A loba ferida
Co sigiloso caminhar
duma loba moi ferida,
que vai tragando seu ódio
pola gorja e os colmilhos.
Coa fereza consumida
ao haver visto e suportado,
uma tragédia tam cruenta,
naqueles dous pequeninhos.
Vai ouveando-lhe à Lua
dende o mais alto penedo,
pedindo que lhe dé forças
para poder seguir com vida.
Renovar a sua esperança,
bicando novos retonos;
viver com novas arelas
ante a adversidade magna.
Som umos passos de loba,
cumhos rastos de tristura;
umas pisadas magoadas
é arrecendo de amargura.
Quere clavar os gadanhos
na noite pecha, dum brinco.
Zugar a Lua, dum ouveo
e arrincar-se o coraçom.
Olhos de brancos coitelos
vagando na noite escura.
Noite negra de siléncio
na face oculta da loba.
A sua inteligéncia bestial,
o assassinado sorriso
dum animal penitente
de espírito valeroso.
Com vagar na noite insónia
polos perfiles da serra,
lucindo a sua silhueta,
vai majestuosa a loba.
Vai em pesca de ventura,
deixando atrás tanto ódio,
esquecendo a desventura,
a barbárie e a violéncia.
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Moradelha editora